terça-feira, 7 de setembro de 2010

O vento que se foi

O sol no céu de azul límpido,
as árvores dançando a mais bela música que há,
os rios compondo a melodia suave.
Minha tez pálida resplandece a luz solar,
lábios vermelhos acariciam a bela maçã,
como algo tão inofensivo, pode ser símbolo de pecado?

Os grandes largos verdes me trazem a memória
histórias banais, que de mim fazem parte
Andando por estes verdes tão singelos
tento refazer os passos que um dia fiz,
já não consigo mais.
As almas que me acompanhavam se foram.
Ficou somente o registro disto,
Ficaram as marcas, as pegadas na lama,
o verde também se fora.

Cabelos as vento, descalça, sentindo a força da terra fria,
respiração ofegante, como naquela noite gélida
o calor não me toma, como me tomou.
Grito o mais alto que posso,
na mesma frequência dos assovios monstruosos do vento.
As árvores me escutam,
parece que me respondem aos meus gritos,
os quais não são de socorro, mas sim num pedido de alento.

Os raios do sol envolvem-me, trazendo conforto, sem calor.
A cada segundo que se vai, fico mais clara,
palidez já não se encaixa mais em mim,
transparência já me toma conta.
Me enxergue pela última vez,
antes que eu desapareça.



Ana Carolini
5/09/2010






0 comentários:

Postar um comentário