sábado, 4 de setembro de 2010

A menina robô

A menina robô não pensava
fazia tudo que lhe pediam, era a queridinha de todos
ela fazia regime, ia todos os dias a academia
ela não reclamava, não chorava

ela ria de piadas toscas
Não amava nada nem ninguém
e todos a amavam
Ela não sofria, nem se decepcionava
não tinha nenhum sentimento
Todos eram seus amigos
porém ela, não era amiga de ninguém

Um dia, chegou um forasteiro
a menina robô foi falar com ele, como de costume
ele não se agradou
saiu daquele lugar imediatamente
ela ficou sem entender o porquê
já que ela não pensava
Então, ela perguntou a uma pessoa que ali passava
Este lhe disse: “saia da armadura, seja o que você quer, e não o que é conveniente”
Ela o ouviu, sem compreender

A menina robô era perfeita
ela sabia disso, as pessoas gostavam também
Por que aquele forasteiro não?
Ela se aproximou do forasteiro novamente
ele a olhos nos olhos
Ninguém havia feito isso antes
Ela chorou e riu, tremeu
A menina robô virou emoção
emoção que comoveu o forasteiro
O forasteiro o abraçou
abraço de amigo verdadeiro

A menina robô se transformou
Agora, ela sentia dor e frio
amor, sofrimento e calor
ela sorria de felicidade
Ela se transformou em um ser caridoso e autêntico
ela tem sonhos e objetivos
Agora ela vive, não apenas existe
Ela tem um amigo apenas
porém, ela é amiga dele também
A menina robô não perdeu nada
Afinal, nada tinha

Os outros que queriam ela robô
Não sentiram sua falta
Sentiram falta do robô
Que o servia como reis
Que se dedicava a eles integralmente
Sentiram falta da marionete, do brinquedinho que tinham
Agora, ela vive, não apenas existe
Ela sabe que sempre terá o forasteiro para lhe ajudar
E o forasteiro sempre terá uma amiga eternamente grata
Por lhe devolver a vida, por lhe ensinar a viver verdadeiramente.



Ana Carolini
04/09/2010

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